A origem dos aromas dos vinhos: começando a entendê-los
O vinhos estão repletos de aromas, mas de onde eles vêm?
Existe um mistério muito grande em torno dos aromas do vinho. De fato, é uma pergunta que, com certeza, vocês já se fizeram algumas vezes. Como é possível um vinho ter aromas de frutas, de especiarias, de minerais…?
Este tema também foi o que despertou, há mais de duas décadas, minha enorme paixão por este mundo dos vinhos. A primeira vez que senti aromas absolutamente reconhecíveis num vinho (eucaliptos, baunilha e amêndoa) fiquei alucinado, e desde aquele dia estou em uma interminável procura por descobrir o porquê destes aromas, entender os motivos deles estarem no vinho e, o mais importante, poder saber sua origem e sua forma de evoluir na garrafa.
A propósito, o fato do vinho ter aromas da natureza já lhe converte em uma bebida única, mas que estes aromas estejam em constante evolução transforma o tema em uma coisa misteriosa, que nos faz pensar e refletir, mais uma vez, e termina transformando-se em um hobbie, uma verdadeira paixão.
O vinho nasce, cresce e morre!
O vinho tem um tempo certo de vida, e, metaforicamente, pode ser considerado um ser humano: nasce, cresce, tem sua adolescência, sua fase adulta, a velhice e logo morre. Então, nesta metáfora, onde uma garrafa pode se comparar com uma pessoa, a vida do vinho acontece da mesma forma que acontece as nossas. Cada garrafa tem uma vida única e diferente, portanto não existe uma pessoa igual à outra, da mesma maneira não existe uma garrafa igual à outra.
A evolução constante de uma garrafa significa que ela está em constante evolução, e vai sempre mudando – em todos os aspectos e pontos de vista: visual, físico e químico. É através dos micro-poros da rolha que o vinho vai estar em constante evolução e que ele vai conseguir se comunicar com o oxigênio, que será o responsável pela evolução. Assim, essa oxigenação vai permitir que este vinho possa passar por todas as etapas já mencionadas (desde o nascimento até a morte).
Nestas etapas, os aromas estarão sempre mudando, e no caso dos vinhos que tem uma vida “predeterminada” mais curta, os câmbios serão muito perceptíveis em um período de tempo muito curto. Ou seja, em um mês os aromas de um vinho podem mudar significativamente.
Centenas de vezes as pessoas têm me feito a seguinte pergunta: quando uma garrafa já está pronta para beber? E, realmente, esta é uma pergunta que não tem uma resposta certa. Temos parâmetros e sabemos que existem algumas uvas (Sauvignon Blanc, por exemplo) que têm um potencial de envelhecimento menor, e sua curva de vida é muito mais rápida, mas são tantas as exceções e exemplos de vinhos elaborados por esta uva que conseguem viver e chegar a seu apogeu em vários anos e até décadas, que se faz impossível “adivinhar” quando o vinho estará pronto para beber.
O problema é a desinformação:
Claro, sabemos que todos os apaixonados por vinho gostam de guardar seus rótulos favoritos na sua adega, mas muitas vezes estão guardando vinhos que já estão estragados, que já passaram toda a curva de vida e que já estão “mortos”. Por outro lado, as pessoas que sabem quais vinhos guardar podem ter muitos benefícios, já que os vinhos que verdadeiramente tem potencial de guarda, quando chegam no seu melhor ponto da curva de evolução podem entregar aromas e sabores únicos, que são impossíveis de se encontrar em vinhos jovens. Mas para isso o mais importante é escolher para guardar na nossa adega vinhos que realmente vão melhorar… E não vinhos que vão piorar.
Acho que o vinho tem uma evolução constante, infinita. Quero receber sempre informações.