Um viticultor/produtor australiano decidiu alugar parte da sua vinha a enófilos locais, na região de Vitória, um pouco a norte de Melbourne.
O homem chama-se Brian Spencer e a empresa ficou com o nome de Shiraz Republic.
O método é fácil: cada enófilo pode alugar o número de videiras que quiser, tratar delas, fazer a vindima e vinificar as uvas na adega da quinta. Cada um faz o que entende, desde que não danifique as videiras e, para os menos avisados, a empresa dá conselhos. O pagamento é feito ao vinho resultante: cerca de €270 para 25 litros e até €1.500 para uma barrica.
Brian disse aos nossos colegas da publicação Australiana “The weekly times” que, em média, os seus clientes visitam a vinha cinco vezes por campanha. A ideia foi colocada em prática em 2011 e a Shiraz Republic já tem cerca de 140 clientes, que exploram 40 toneladas de uva por ano. Cada um dos enófilos decide o que quer fazer: o processo leva cerca de 18 meses, desde a escolha da vinha e seu tratamento, passando pela vindima e vinificação. “A maioria dos clientes fica com cerca de 10 videiras, que dão 25 litros de vinho; podam as videiras, colhem a uva e envolvem-se na vinificação”, diz o proprietário desta quinta.
Alugue umas videiras e faça o seu vinho
Outro cliente, por exemplo, alugou dois hectares de videiras e começou o seu próprio negócio de vinho, com marca e tudo! Mesmo o fertilizante – biodinâmico, diga-se de passagem – é trazido pelo cliente.
A época das vindimas, como se calcula, é um “caos organizado”, nas palavras de Brian. Mas o entusiasmo de toda a gente é “contagiante”. Na vinificação o pessoal faz a pisa a pé das uvas de Syrah. Alguns escolhem barrica para estágio, outros apenas inox, outros não querem sulfuroso. Ou seja, apesar das uvas serem semelhantes, cada vinho é único. Outra parte engraçada é que depois esta autêntica comunidade faz mais tarde provas comparativas para avaliarem as qualidades enológicas de cada vinho. E trocam garrafas entre eles, cada uma da sua marca.
No final, Brian diz que “não se fica rico a fazer este negócio. Faço-o porque gosto de gozar a vida”. Não sabemos de negócio semelhante em Portugal, pelo menos neste formato. Mas não deverá tardar muito até aparecer um…
Fonte: Revista de Vinhos de Portugal