A uva Carignan renasce no Chile.
Se falarmos de vinhos do Chile e de suas uvas mais importantes, teremos sempre que falar de Carménère, a uva já conhecida por todos e que foi e é (como é o Malbec para argentina) a bandeira da viticultura deste país. Mas o segredo é que tem outra uva que irá colocar o Chile novamente no topo da cena mundial. Essa é a fascinante Carignan.
A Carignan tem uma história fantástica, e sensorialmente possui características sobressalientes. Ela tem tudo o que é necessário para se converter na uva do futuro do vinho chileno, e tudo indica que nos próximos anos vai dar muito que falar. O certo e concreto é que seus vinhos são incrivelmente bons, e a modo de introdução nesta uva apresento e recomendo à continuação um deles, da vinícola Gillmore.
Gillmore é uma vinícola boutique, que só produz vinhos tintos, e que possui um selo muito particular com vinhos de muita personalidade.
Este “selo” que está em todos os seus vinhos, tanto aromático como gustativamente falando está representada no caso do aroma, com as suaves notas frescas de menta, alecrim, pinho, e em algumas safras até mesmo eucaliptos.
A uva Carignan, o segredo escondido do Chile
Gillmore Carignan 2007
Há chocolate em abundância, cereja, canela e outras especiarias doces. A melhor forma de explicar as características deste vinho é imaginar um bombom de cerejas recheado com menta… Uma delícia.
Impecável também a sua performance ao paladar. Ingressa na boca com um frescor impressionante e uma harmonia digna dos grandes vinhos, tudo em equilíbrio. Os taninos muito maduros, mas com a rusticidade que caracteriza esta uva. Este vinho, e outros fantásticos do vale do Maule, estão começando a demonstrar o enorme potencial desta uva. Um vinho muito escasso, delicioso e com uma relação de preço e qualidade difícil de superar.
Vinho Gillmore Carignan
Potencial de evolução
Como dado importante, gostaria de destacar o grande potencial de evolução que tem em geral os vinhos do vale do Maule. E, em particular, os vinhos desta vinícola. Ou seja, para quem gosta de vinhos mais elegantes e frescos, com graduações de álcool menores do que estamos acostumados com os vinhos do Novo Mundo. Os vinhos do Maule são, neste sentido, perfeitos e felizmente vão ao mesmo sentido do que os mercados mundiais – e também os paladares mais entendidos a nível nacional estão preferindo e exigindo vinhos menos maduros, menos pesados, menos cansativos, menos maquiados (madeira)… Estão preferindo vinhos opostos a estes estilos detalhados. Ou seja, vinhos mais francos e frutais, não muito maduros, sem excesso da madeira, mais frescos, mais puros, mais genuínos, onde se vá conseguir beber a garrafa toda.
Nas próximas semanas pretendo continuar falando sobre esta uva, porque tem muita informação interessante para entregar e muitas vinícolas do Chile estão começando a elaborar vinhos com ela. Até uma associação recentemente formada pretende resgatar e posicionar esta uva entre as uvas tops do Chile.
Comecei indicando este Carignan da Gillmore porque tenho absoluta certeza que logo após degustá-lo vai se apaixonar pelos vinhos desta bodega e desta uva. Para terminar, e só como informação complementar, Robert Parker entregou 93 pontos para duas safras deste vinho de maneira consecutiva (safra 2008 e 2009), o que é uma pontuação inacreditável para um vinho desta faixa de preço.