Quando as pessoas começam a se interessar pelo mundo dos vinhos, geralmente são os vinhos mais simples os que são da preferência, e até muitas vezes os que têm algo de açúcar, ou os que têm aromas mais “adocicados” (a maioria das vezes aportados pela madeira), mas esse gosto pessoal começa a mudar na medida em que a pessoa começa a entender melhor sobre a degustação.
Em pouco tempo, os vinhos fáceis, adocicados, com muita madeira, etc., que num princípio pareciam ser vinhos bons, agora já não são mais do nosso agrado. Isso porque através do estudo, da prática e da degustação, as pessoas conseguem aguçar os sentidos e perceber aromas e sabores que antes não percebiam. Ai é o momento que as preferências e gostos começam também a mudar.]
Os vinhos com aromas e sabores doces
É natural que as pessoas gostem de aromas e sabores doces, e não do amargo, por exemplo. Essa é a razão que motiva as vinícolas a trabalhar estilos de vinhos onde, dependendo do desenvolvimento e do gosto do mercado em questão (que tem a ver com a evolução deste), vai ser o proprietário, o departamento de marketing e o próprio enólogo que vão definir o estilo do vinho de acordo com esse tipo de consumidor, e irão utilizar todas as ferramentas que existem em uma bodega para elaborar um vinho que seja do gosto deste mercado.
Seguindo a lógica, os mercados mais desenvolvidos (como Inglaterra, por exemplo) optam por vinhos que não têm muita madeira, vinhos mais frescos, e que têm a expressão do terroir, etc.. Os mercados mais novos, que tem menor conhecimento (como China, por exemplo), garantem vendas e sucesso, além de começarem a elaborar e exportar vinhos mais “maquiados”, que sejam mais fáceis de entender e, portanto, de vender. Vinhos mais maduros, com a presença das notas de baunilha e especiarias doces provenientes da madeira de forma mais marcada, porque é isto o que o público que começa a consumir vinhos consegue – mais facilmente – distinguir e apreciar.
Von Siebenthal Toknar, 2010
Sobre o Terroir:
Mas, como deve ser um vinho de qualidade? São muitas, mas muitas as condições, no entanto, irei me referir a uma que é, talvez, a mais importante e que está relacionada com a forma na qual o vinho (para ser considerado um vinho de qualidade) tem que ser. Ele tem que expressar seu terroir, sua origem, ou seja, só através dos seus aromas e seus sabores, ele deve nos dizer de onde vem, e essa característica não está atribuída a todos os vinhos, poucos são os que têm a capacidade de expressar, e isso deveria ser regra…
O enólogo da Universidade Católica de Chile, professor de enologia por mais de 40 anos da maioria dos enólogos chilenos mais conceituados na atualidade (Álvaro Espinoza da Antiyal ou o próprio Pablo Morandé foram alguns dos seus alunos), Alejandro Hernandez, em conversa com Winechef define para nós o conceito de Terroir:
“O terroir é em si uma noção que indica certa tipicidade e individualidade que gera um vinho com características determinadas e repetíveis. O último não é uma norma fixa, pois os fatores do solo, de certo modo, podem ser modificados e porque as condições do clima não são controladas.”
Clima e solo
Como Don Alejandro define claramente, o conceito de terroir está ligado à tipicidade e individualidade de um vinho, resultado da junção de seu clima e do seu solo, entre vários outros fatores que interferem no resultado final. Tal como defini no começo da matéria, de maneira natural começamos com vinhos mais fáceis e simples, e logo passamos por várias etapas para, não em muito tempo de estrada, chegar a esta onde começamos a conseguir distinguir a origem do vinho.
Esta etapa é muito interessante, talvez seja a melhor, e aqui o vinho além de ser agradável, bom ou excelente, ele deve nos entregar informação do seu passado, da sua infância, do seu terroir, e aqui é onde realmente podemos saber e dimensionar a qualidade de um vinho. Sem terroir não há qualidade.