Barossa Valley: O vinho Shiraz mais famoso da Austrália

Os Shiraz de Barossa Valley entre os melhores do mundo

Admitindo que, com mais de 45.000 hectares plantados, a Shiraz se tornou na assinatura vinícola da Austrália, não surpreende que Barossa lidere a sua produção, como se explica que incorpore, em grandes proporções, as garrafas de Penfolds Grange, o vinho mais famoso deste vale da Austrália do Sul e do país.

Entre tons de violeta a negro-tingido e enriquecido por frutos com caroço, quase sempre as variações no estilo local de Shiraz são definidas mais pelas preferências e gostos dos vinicultores e não tanto por diferenças climáticas. Alguns shiraz de Barossa muito trabalhados, provam-se secos, com madurez, tanino e carvalho em abundância equilibrada. Outros, assumem um perfil mais refinado, semi-encorpados, menos maduros, com menor exposição a carvalho novo e, nesse sentido, com uma composição mais fragrante e floral.

Mesmo tendo em conta o vasto espectro de opções de estilo, a comunidade multi-geracional de vitivinicultores do vale parece partilhar a mesma noção de que a busca de tendências e de modas não evitam retirar algum protagonismo ao principal valor da região: uma tradição já com 170 anos de produzir o melhor Shiraz da Austrália. Concorde-se ou não com a premissa, no final do século XX, a reputação mundial do Shiraz de Barossa assentava numa clara distinção face às uvas da mesma casta de regiões como Côte-Rôtie, Châteauneuf-du-Pape e da Califórnia. O Shiraz de Barossa era único e, como resumiu famosa wine writer Jancis Robinson “Barossa Valley tornou-se na região quintessência do vinho australiano.

Vinhedos de Barossa Valley

Vinhedos de Barossa Valley

Outras uvas importantes em Barossa Valley

Além da sua casta incontornável, Barossa Valley produz várias outras variedades com destaque para o Riesling trazido para a zona, no século XIX, pelos colonos germânicos e que chegou a ser predominante na história do Vale. Acolheu igualmente Semillon, Chardonnay, Grenache, Mourvedre, Cabernet Sauvignon e ensaios ainda mais recentes como os das variedades Sagrantino, Tempranillo, Zinfandel, Touriga Nacional e Savagnin a que se juntaram vinhas seculares mantidas em anonimato e recentemente recuperadas: Carignan, Cinsault, Durif, Marsanne, Petit Verdot, Roussane. Esta diversidade renovada contribui para a experimentação e rejuvenesce a criatividade dos vinicultores locais.

A uva Riesling

Apesar da sua reputação de ser uma região de vinhos tintos, Barossa também produz uma quantidade significativa de branco. Nos últimos tempos, o recorrente Riesling tem-se mudado para as zonas mais elevadas e frescas, como é o caso do Éden Valley. Esta migração permitiu um aperfeiçoamento notório e o reforço da reputação internacional dos Riesling dali originários.

A uva Semmillon

As vinhas de Semillon, por sua vez, evoluíram para gerar uvas com um tom único de casca rosada que as distinguem tanto do Semillon de Bordéus, como do produzido em Hunter Valley, na província aussie de Nova Gales do Sul.

Nos tempos mais recentes, os vinicultores levam a cabo a fermentação do Semillon mais em aço inoxidável do que em carvalho.

A uva Chardonnay

O Chardonnay também está presente. É colocado em carvalho e sujeito a fermentação maloláctica. Dá origem a vinhos grandiosos, de corpo denso e cremosos, frequentemente galardoados.

Veja a primeira parte dessa matéria:

 

 

Os barris usados e seu efeito no vinho

É bom lembrar que faz toda a diferença o fato do barril ser novo ou usado

Os novos passam uma gama de aromas e sabores – já vistos – ao vinho, enquanto os que têm alguns anos de uso são quase inertes, permitindo apenas a micro-oxigenação. As empresas que buscam o toque de carvalho em seus vinhos usam apenas barris novos ou de primeiro uso, no máximo, segundo ou terceiro, raramente quarto uso. Depois de utilizados, normalmente, os barris são vendidos para outros fins que não a vinicultura. Isso encarece muito o processo, pois um barril francês de bom tanoeiro pode custar U$D 1 mil, e um barril americano dificilmente sai por menos de US$ 500.

Um ponto fundamental para o uso de barris usados pela segunda ou demais vezes é sua higiene. Eles devem ser perfeitamente limpos, mas não podem ser esterilizados. Os Brettanomyces – tipo de levedura, apelidado de “Bret”, que pode contaminar barris e transmitir aromas defeituosos aos vinhos, lembrando mofo e dando toques animais desagradáveis à bebida – são perigosos e precisam ser monitorados constantemente.

Outro aspecto da madeira usada é detectado na parede de um tonel antigo, onde podem acumular-se cristais de tartarato. Esta substância aparece nos vinhos engarrafados sobre forma de pequenos cristais brilhantes insípidos e inodoros.

Quando ainda estão nos barris, estes cristais podem impermeabilizar a madeira, evitando a evaporação do vinho; impedir a impregnação de sabor de madeira no vinho, o que provavelmente seja a intenção do enólogo; e ajudar a precipitar os cristais de tartarato do vinho novo. É possível fazer uma raspagem nos barris usados para retirar eventuais cristais, limpá-los, desmontá-los, efetuar nova tosta e montar de novo.
No entanto, este processo é trabalhoso e o efeito jamais será o de um barril novo.

 

Como o carvalho altera aromas e sabores do vinho?

Como o carvalho altera aromas e sabores do vinho?

 

Os chips

Como já mencionamos, barris de carvalho são custosos e têm impacto direto do preço final de uma garrafa. A conta é simples: um barril de US$ 600 novo, que comporta 225 litros ou 300 garrafas, encarecerá o vinho, na origem, em US$ 2. Se este valor for multiplicado cerca de três vezes por impostos e taxas, só o barril significará US$ 6, ou cerca de R$ 18, no preço de prateleira de uma garrafa. É fácil deduzir, então, que vinhos de menos de R$ 30 ou R$ 40 dificilmente passarão sequer perto de barris novos.

A alternativa barata para dar aquele gostinho de carvalho ao vinho é o uso dos chamados chips. Retalhos de madeira, aduelas, serragem, todas as sobras de carvalho podem ser aproveitadas e colocadas em contato com o vinho em vários momentos. Existe a possibilidade de usar os chips desde a fermentação até o vinho pronto. É usado colocar pedaços da madeira ou mesmo saquinhos de chá gigantes, contendo serragens de carvalho em tanques de inox.

Chips

Chips

 

Dependendo do país e da região, este artifício é ilegal e, geralmente, não é admitido pelos produtores. Na Austrália, a prática é permitida e muito comum nos vinhos mais baratos, enquanto em Bordeaux e na Borgonha é proibido, por exemplo.

O que nos interessa saber é quais os efeitos dos chips. Naturalmente simulam o barril de carvalho, passando aromas de madeira ao vinho, mas sem mesma qualidade e sem a microoxigenação, que dará complexidade e longevidade. Geralmente isso funciona bem para vinhos muito simples, de consumo imediato, o que realmente pode ganhar ao receber este aporte de aroma e sabor.

Chips, no entanto, jamais se prestarão à produção de vinhos de maior qualidade, estrutura, complexidade e, sobretudo, de longa guarda, pois os aromas de carvalho dados por este método tendem a se perder depois de alguns meses do vinho engarrafado.

O mesmo vinho pode ser elaborado em barris de tipos diferentes?

Em relação as barricas de carvalho é bom lembrar que cada vinho pode ser elaborado de uma maneira diferente: sem nenhum contato com madeira, amadurecido em barris 100% novos, ou mesmo amadurecidos em um mix de barris novos e usados, de diferentes tipos de carvalho, de diversas idades e tamanhos.

Chá verde e vinho tinto podem barrar o Alzheimer

 

O vinho também tem benefícios contra o Alzheimer, revela importante estudo.

Substâncias presentes no chá verde e no vinho tinto têm o potencial de interromper um dos fatores responsáveis por desencadear a doença de Alzheimer, revelou um novo estudo da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha.

A partir de testes feitos em laboratórios, os autores da pesquisa descobriram que a EGCG, uma enzima encontrada no chá, e o resveratrol, presente no vinho, impedem que a proteína beta-amiloide, associada à doença, se ligue às células nervosas do cérebro e provoque a morte delas. Esses achados foram publicados recentemente periódico The Journal of Biological Chemistry.

A doença de Alzheimer é caracterizada por uma acumulação anormal da proteína beta-amoloide no cérebro. Juntas, essas proteínas formam um aglomerado tóxico e pegajoso que se liga a proteínas presentes na superfície das células nervosas do cérebro, podendo prejudicar o funcionamento dessas células e até leva-las à morte.

Nessa nova pesquisa, a equipe de especialistas investigou se o formato desses aglomerados — se em formato esférico preciso ou sem forma definida, por exemplo — interfere na capacidade de eles se encaixarem nas proteínas das células nervosas.

Chá verde e vinho tinto podem barrar o Alzheimer

Chá verde e vinho tinto podem barrar o Alzheimer

Estudos anteriores já haviam indicado que uma enzima encontrada no chá verde e o resveratrol, composto presente no vinho tinto, têm a capacidade de alterar a forma da beta-amiloide.

A partir desse dado, os cientistas formaram, em laboratório, aglomerados de beta-amiloide e juntaram essa substância a células cerebrais de humanos e de animais. Depois, a equipe adicionou extratos de vinho tinto e de chá verde em algumas dessas células. Segundo os autores, quando as substâncias dessas bebidas foram adicionadas às células, o formato do aglomerado de proteínas beta-amiloide de fato se alterou.

Além disso, eles observaram que, com a forma distorcida, o grupo de beta-amoloide não foi capaz de se ligar às proteínas da superfície das células nervosas e, assim, não danificaram tais células.

“Esse é um passo importante para aumentar nossa compreensão sobre a causa e a progressão da doença de Alzheimer”, diz Nigel Hooper, coordenador do estudo. “Não devemos pensar no Alzheimer como parte natural do envelhecimento, mas sim como uma doença para a qual acreditamos que um dia haverá cura. E é por meio de novas pesquisas como essa que desenvolveremos medicamentos capazes de barrar a doença.”